Em um mercado cada vez mais competitivo, contratar certo deixou de ser apenas uma questão operacional tornou-se uma estratégia de negócio. O sucesso de uma empresa depende diretamente de quem faz parte dela. Por isso, investir tempo e método em cada etapa do recrutamento é o que diferencia organizações sustentáveis daquelas que apenas reagem ao mercado.
O verdadeiro custo de contratar errado
Uma contratação mal feita custa caro — e não apenas financeiramente. Além dos gastos com recrutamento, treinamento e rescisão, há também perda de produtividade, desalinhamento cultural e desgaste da equipe.
Pesquisas apontam que o custo de uma contratação errada pode chegar a 150% do salário anual do colaborador. Isso significa que, além do investimento perdido, há um impacto direto no clima organizacional e nos resultados do time.
Contratar errado não é só desperdiçar recursos — é comprometer o futuro da empresa.
Os erros mais comuns no recrutamento e seleção
1️⃣ Falta de clareza na descrição do cargo
Uma vaga mal descrita atrai candidatos inadequados e desalinha expectativas. É essencial definir claramente responsabilidades, entregas, requisitos técnicos e comportamentais.
2️⃣ Processo de seleção mal estruturado
Triagens superficiais, entrevistas genéricas e ausência de testes práticos comprometem a qualidade da escolha. Um processo sólido precisa avaliar técnica, comportamento e aderência cultural.
3️⃣ Ignorar o fit cultural
O fit cultural é o alinhamento entre os valores, crenças e comportamentos do candidato e da organização. Mesmo um profissional altamente qualificado pode fracassar se não se encaixar no estilo de liderança e na cultura da empresa.
“A cultura é o quebra-cabeça, e os colaboradores são as peças que o compõem.”
4️⃣ Pressa para preencher a vaga
A urgência em contratar costuma gerar decisões precipitadas. O foco deve estar em encontrar a pessoa certa — não apenas em preencher o espaço rapidamente.
5️⃣ Onboarding negligenciado
Uma integração mal planejada compromete o desempenho e o engajamento do novo colaborador. Onboarding é a continuidade do processo seletivo: o momento de transformar potencial em performance.
Como contratar certo
🔹 1. Alinhamento de expectativas
Antes de abrir a vaga, alinhe com os líderes e áreas envolvidas:
- Quais são as responsabilidades reais da função?
- Quais competências e comportamentos são essenciais?
- O que é desejável, mas não obrigatório?
- É substituição ou nova posição?
- Quais critérios podem ser flexibilizados (salário, região, experiência)?
🔹 2. Estruture o processo seletivo
Crie um funil de recrutamento e seleção com etapas claras:
- Atração (divulgação da vaga e marca empregadora);
- Conversão (inscrição e captação ativa de talentos);
- Qualificação (triagem e entrevistas);
- Seleção (avaliação técnica e comportamental);
- Contratação e retenção (onboarding e desenvolvimento).
🔹 3. Invista em entrevistas por competência
Contratar com base em competências significa avaliar o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que sustentam o desempenho. Perguntas comportamentais ajudam a prever reações e entregas futuras.
🔹 4. Envolva as pessoas certas
Inclua líderes e, se possível, alguém do time direto na entrevista. Assim é possível avaliar não só técnica, mas também sinergia e estilo de comunicação.
“Contratação é construção de relacionamento. Todo mundo precisa dar match.”
Reter é mais estratégico que contratar
Antes de pensar em novas contratações, olhe para dentro. O que mantém as pessoas que já estão com você?
Monte um funil de retenção baseado em:
- Rituais de cultura;
- Líderes desenvolvidos;
- Clareza de papéis;
- Propósito compartilhado;
- Feedbacks consistentes.
Crie um Guia de Cultura Real — um material simples, que descreva o “jeito de ser” da empresa:
- Valores reais (não apenas os do quadro na parede);
- Comportamentos valorizados;
- Estilos de liderança;
- O que é tolerado e o que não é.
Esse guia se torna uma bússola para contratar, promover e desenvolver pessoas com coerência.
O papel estratégico do RH
Se antes a tecnologia era o grande diferencial competitivo, hoje o que define uma empresa é a experiência humana que ela proporciona.
O RH e o Recrutamento são áreas estratégicas porque garantem que as pessoas certas estejam nos lugares certos — capacitadas, engajadas e alinhadas à cultura.
A gestão de pessoas precisa caminhar junto com a estratégia de negócio, atuando em três frentes:
- Gestão dos Talentos: atrair e contratar com precisão;
- Educação Corporativa: desenvolver líderes e equipes;
- Gestão e Cultura: engajar e fortalecer o propósito organizacional.
Conclusão
O maior gesto de liderança que você pode ter hoje é refletir profundamente sobre quem está no seu time.
Contratar certo é mais do que um processo — é um ato de construção de futuro e de fortalecimento da cultura corporativa.
Conteúdo autoral por Marina Beatriz da Silva – Head de Operações na Pró+Gestão










